domingo, 15 de maio de 2011


Já naveguei por tantos mares, já explorei tantos horizontes, já enfrentei tantas guerras que mal consigo me recordar de toda a minha trajetória. Viajei por terras áridas, por florestas tropicais de chuva intensa, por desertos de gêlo e cidades fantasmas. Conheci todos os tipos de clima, e lugares suficientes pra saber discernir o bonito e o feio, o bom e o mal, o luxo e o lixo.

E continuo a navegar. Sozinho, em meu barco de papel. Com as mãos calejadas e o coração remendado. Enfrentando tempestades, me desdobrando para que minha embarcação não afunde. Afim de encontrar um sinal que me indique um porto seguro, onde eu possa ancorar em paz e a salvo essa tripulação de um homem só... aonde eu possa, enfim, descansar, dormir e acordar ao lado de alguém que segure a minha mão e me ajude a começar a escrever o mais belo romance.

(...)

Que o meu castelo seja de areia, que o meu barco seja de papel, que os dragões sejam moinhos de vento... mas que os sentimentos sejam tão verdadeiros, a ponto de serem concretos.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Todo santo tem passado. Todo pecador tem futuro.

  

O sonho não vingou!
Anjo de vidro caiu pela janela.
O gás se espalhou
E infeccionou a trajetória.

Verdades impostas.
Fraturas expostas.

O céu não vai cair!
O inferno não vai subir!
Vamos resolver
Nossas diferenças por aqui!

Aceitar tudo como estar
Nunca foi o que planejei.
Hoje vi um santo pecar...

O sonho não vingou!

O céu não vai cair!
O inferno não vai subir!
Vamos resolver
Nossas diferenças por aqui!

Verdades impostas.
Fraturas expostas.

Os olhos vêem
O que a boca pode dizer.
Mas, o que se passa em seu coração
Ninguém nunca vai entender.

terça-feira, 15 de março de 2011

Da resignação ao inexplicável.



E caminhávamos, eu e Fé, pela floresta de Aokigahara. Era noite. Ouvíamos os sussurros das árvores. A neblina parecia querer cegar nossa razão. Havia medo, por conhecimento de causa e por fatos ocorridos. Estávamos abalados e só tínhamos um ao outro.

Enquanto o terror e o pânico gelavam cada centímetro da minha epiderme, buscávamos encontrar no malicioso labirinto do meu coração por uma velha amiga. Só com ela poderíamos encontrar o conforto e o calor necessário para conseguir sobreviver tempo suficiente para, quem sabe um dia, encontrar uma saída para aquele inferno. Buscávamos encontrar Esperança.

Como em um triller de horror japonês, corríamos desesperadamente por aquela mata, enquanto houvesse fôlego.

(...)

E, uma vida e meia depois, quando Fé e Esperança já haviam ficado para trás nessa jornada, quando já havia me acostumado com a idéia de minha epopéia tornar-se um monólogo, felizmente, eu encontrei um motivo para voltar a sorrir.

E fez-se luz. Os fantasmas da floresta voltaram para o submundo do qual nunca deveriam ter saído. E o sentimento de ser e estar incompleto deu lugar a um sentimento que eu ainda não conhecia. Que buscava. Por vezes, havia escrito a respeito. Hoje, esse sentimento está impregnado no meu cheiro. Está calcificado em meus ossos. Está no brilho dos meus olhos. Está na chama acesa da minha alma.

Em um lapso de inteligência, em um momento de intuição, em um dia de paz de espírito e em uma noite de colírio aos olhos, eu encontrei a peça que faltava para completar a complexa imagem de quem eu sou.

Epifania.

terça-feira, 8 de março de 2011

Preenchendo o vazio.




Você tenta, enlouquecidamente, preencher esse vazio em seu peito. Busca incessantemente uma forma de amenizar a dor. De esquecer o que te faz sofrer.

A sua maior vontade é a de recomeçar. Você quer apagar tudo o que passou e reescrever sua história, partindo do zero. Reconstruir-se. Pisando, cautelosamente, onde não haja armadilhas. Buscando enxergar além do horizonte. Crescer. Acreditar. Aceitar os erros, para que eles sirvam de lição em sua próxima jornada.

Você está preparada. Pronta pra sair da casca. O mundo é o seu limite. Por mais que estejas em prantos e derrame lágrimas, uma hora o choro cessa. Toda dor tem limite. Todo corpo cansa. Toda alma merece um recomeço.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional. A cura bate hoje em sua porta.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Duas estradas. Um destino.



Espera! É esse momento que eu quero eternizar. O que estou sentindo agora... o que vivo agora...

Nós vamos. Nós voltamos. As coisas mudam o rumo rápido de mais, sem nem nos perguntar por qual motivo. Precisamos romper o círculo, no momento em que estivermos por cima. Já não somos mais crianças. Já não temos o mesmo ímpeto. Mas, a chama se recusa a apagar. Cada vez mais velhos, rabugentos e calejados. Entretanto, por mais que tentemos desviar a direção, os atalhos da vida sempre levam a minha estrada de encontro à tua. E a atrocidade da dúvida é derrotada pelo benefício da certeza.

Não preciso mais do que aquilo que temos. Não precisas mais do que aquilo que temos. Não precisamos mais do que aquilo que temos.

Nós nos temos. Sabemos que isso torna suficiente e sustentável a complicada razão da existência.

Precisamos tacar lenha nessa fogueira. Precisamos aquecer nossos corações com essa verdade que construímos durante os anos. Precisamos da intensidade do ontem, da certeza do hoje e do sucesso do amanhã. Precisamos um do outro. E, entre nós, já não há tempo e espaço para questionamentos banais.

Por nos conhecermos tão bem, por sabermos aonde erramos e por entendermos por quais motivos crescemos, nós podemos ver, além da linha do horizonte, qual é o final dessa história. E, os próximos capítulos, escreveremos juntos.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um Dia de Luz.



Chegou. Se fez notar. Me fez notar.
E os meus olhos seguiram a direção.
Seguiram o rumo dos seus passos,
E os rastros que você deixou.

Um dia de luz.
Um corpo de luz.
Um sorriso de luz.

Uma obra do acaso?
Uma artimanha do destino?
Ou, simplesmente, o meu dia de sorte?

Sinceramente, não sei explicar.
Mas estávamos lá.
Contrariando qualquer outro revés
Que o meu ou o seu caminho pudesse lançar.

E aconteceu. Como tinha que acontecer.
E me encantou. Como tinha que me encantar.

Logo mais irei dormir,
E o seu cheiro vai ficar.
O seu gosto eu não vou esquecer,
Mas, ainda assim, preciso de novo provar.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A Broked Porcelain Doll.


Um artefato em cacos.
Estou juntando os pedaços.
Por vezes, corto meus dedos.
Um grito de dor.

Reinicio.
Não há nada que eu queira mais
Do que unir todos os fragmentos
E restaurar.

Quero encaixar
Tudo em seu devido lugar.
Sem buracos. Sem espaços.
Sem brechas para o acaso.

Se você é uma boneca de porcelana quebrada,
Eu sou a cola.